Vai saber se eu vou
Pode vir a perturbar, pode correr atrás
E nunca vai saber se eu vou, vai saber se eu vou
Tanto faz pra me agradar,
Sabe que não vai dar
E nunca vai saber se eu vou,
Vai saber se eu vou
Um mar que me povoa
Um tanto de querer ser
Não há de ser atoa
Nem há de acontecer de a maré encher
E carregar quem sou pra longe
Antes disso eu fui
Eu fui
Eu fui
Pode vir a perturbar, pode correr atrás
Mas nunca vai saber quem sou, vai saber quem sou
Tanto faz pra me agradar
Sabe que não vai dar
E nunca vai saber quem sou,
vai saber quem sou
Não, não há quem me possua
Nem tango pra convencer
Não vou dançar na tua
Nem tá pra acontecer de amanhã nascer
E eu dizer se vou e onde
Antes disso eu fui
Eu fui
Eu fui
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Luis Kiari / João Guarizo
Efêmero
Ah, se por veredas eu pudesse ver…
nem que fosse por veredas.
Feliz é mosquito e eu só queria ser.
Quem sabe os andares todos se abrissem
e as distâncias todas sumissem,
nem que fosse para ver pelas brechas.
Feliz mesmo é mosquito.
Lei Natural
Esperar é como toda semente:
É preciso viver o tempo da espera… secar o miolo, se desprender das cascas,
se deixar no quentume – Daquela, do sol… dessa, do peito – e lançar-se
(não se chega a lugar nascente sem a queda).
Se deixar envolver, sem impacto, pelo que se esperou e aceitar o abraço
e o envolver nas entranhas e então o umedecer. – Daquela, da chuva… dessa, das lágrimas.
Nutrir-se, mutuamente, num querer precisar do outro, num deixar e receber… “pela LEI NATURAL dos encontros”.
A-gosto
Na pele a flor se guarda
O norte tomando seu posto
A contragosto, é Agosto do querer
Amanhã talvez preveja o quanto sou capaz
De te soltar no mundo, como quem parte da pipa a linha
E espera sozinha, com o vento fugaz, voltar.
Meu marinheiro sem eira
Que leva de mim nada que é beira
Traga ao menos uma flor
E o meu amor no peito regressar.
Decerto a menina
Em certo delírio espera
No porto saudade, depressa
O barco-menino aportar.
Luis Kiari – Graziella Farinazo
Discovery
Os pássaros não sabem voar…eles voam.
Os peixes não sabem nadar…eles nadam.
Os poetas não sabem escrever…eles são o poema.
Os músicos não sabem musicar…eles tocam.
Os cantores não sabem cantar…eles soltam a voz.
Os seres humanos não sabem ser…eles só são.
Cervejas e vodkas…Caio Kiari e Luis Sóh.
O insustentável perigo
Eita mundo sem beira
Tudo que tem é um profundo
Nem os espelhos são só superfície
Nada permanece oculto
Nada se sustenta como conhecemos, tudo se oculta
O oco é o passo anterior ao miolo
O miolo é um olho que mira o vazio
Tudo e nada assusta
Tudo e nada assusta
Tudo e nada assusta