Dentro de mim

Os seus olhos, tem a cor dos meus sonhos
A estrela mais bela, que se vê da janela
Do meu coração
Não, se avexe não
Fique dentro de mim, viu?
More sempre por lá, sim?
Que depois de você
Ninguém mais vai morar
Dentro de mim
Você é em mim, um pedaço que não sou eu
Mas você é mais eu, que qualquer pedaço de mim
Os seus olhos, tem ardor e um ligeiro cansaço
Que me causa embaraço que me pega nos braços
Me tira o chão
Não, não finja não
Sabe que estou aqui, sim!
Que não sou sem você, não!
E se eu sou você
Juro não me perder
Pra mais ninguém
Você é em mim, um pedaço que não sou eu
Mas você é mais eu, que qualquer pedaço de mim

Como é bonito quando a arte, inspira arte!

Texto de Rousiane Silva Cavalcanti

Ontem à noite


A lua, envergonhada, se escondeu ao ver o moço simples que cantava, com a ponta dos dedos, versos singelos de emoção revisitada.
Se eram as cordas a imitar as batidas do coração ou o contrário, pouco importa. Na madrugada morna, era possível encontrar qualquer sensação solta ou perdida entre papéis e pensamentos.
O tempo continua usando os mesmos truques. E, às vezes, parece que me deixo seduzir de propósito. Só para me sentir iludida. Só para me fazer pensar que não pensar me tornará ingênua.
Quero meu ouro, mesmo que seja de tolo. Encontrar o velho, estranhar o que é novo e fazer do inusitado um velho conhecido. É que gosto de rimas estranhas e sei que meus afetos são complexos, contudo, se necessário, posso desenhar para quem for disléxico.
Não quero ter a alma doída nem as emoções calejadas. Já não me importo em parecer piegas. Quero de volta a pretensão maliciosa do olhar desconfiado e o desejo de sentir tudo de uma vez sem me preocupar se vai sobrar um pouco para mais tarde. Quero poder acreditar que “os teus olhos têm a cor dos meus sonhos”.
Ontem à noite, a lua veio ouvir que não existiriam mais aquelas noites. A poesia aquietou-se, a música parou, e fomos embora guardando um pouco para depois.

No avesso das mãos

Que tamanho tem essa cidade dentro de mim?
As ruas são tão parecidas
Todas têm o mesmo nome e as mesmas calçadas.
As pontes atravessam minha solidão
E os edifícios, de concreto frio
Desafiam meu tamanho!
A cada esquina um tapete se estende no asfalto
Pra minha angustia desfilar.
São tantos cruzamentos
Que costuram meus sentimentos
Que eles já não sabem que avenida seguir
E não importa qual a decisão
Seguem sempre no sentido contrário das nossas vidas.

Insônia

Dorme um anjo
Enquanto os meus pés
Tropeçam em saudades
E as pernas em busca daquelas suaves
Se perdem ao passo
De não se sentirem.
Dorme um anjo
Enquanto minhas mãos
Sentindo vontade
Da pele a pele, das costas as palmas
Da valsa dos braços, dos laços da blusa
Que abrem, que abusam
A se desatarem.
Dorme um anjo
Enquanto ele dorme
O céu em minha boca, de estrelas carentes
Se enchem, se enchem.
E aqueles desejos, feitos em sussurros
Alongam os minutos
Pros dias nascerem.
Dorme um anjo
Deus sabe a maldade
Que há neste sono
Enquanto ele dorme, se não sabe ele:
Me seca a saliva, me põe em vigília
E na roda viva, de tanto querer-lhe
Meus olhos a ponta
De enlouquecerem

Ao seu passo

Há sonhos que parecem ser eternos
Que não urgem para serem vividos
Ainda que os olhos brilhem
Vislumbrando o dia.
O cheiro do novo refaz graça, quando te vejo
E a raça do meu peito
Se curva as curvas do teu tempo sinuoso.
Não se deixa apenas os olhos sonharem o gosto
Quando se quer e se sabe
Tão pouco
Os lábios nos levarem ao pecado
De não vivermos o que nos cabe.