e sem asas saber do sabor das arribeiras e do cheiro da caatinga
desde pequena provava da secura da pele de alguns
e da fartura da alma de muitos que salivavam por natureza…
E por natureza tinham a sorte que comandava a umidade existencial
o norte conflitante deste povo lá de cima
de uns olhos tão sabidos e uma falas tão certeiras,
Lá nunca se sabe de Natal ou aniversários,
só da graça do dia que se tem
Lá nós nunca dormíamos até às dez
e nunca corríamos o risco de perder o trem ou o ônibus ou a esperança
A rota de lá é feita de todo dia e de sol a sol, de seca a seca, de fome
e milagres diários
e de um desejo de chuva tão grande que de tanto rezar
os pinguinhos d’água jogavam-se das nuvens e evaporavam-se no trajeto,
no meio do caminho,
nem viam a cara do chão, da terra, do solo, da planta e do bicho sedentos
Esse povo meu carrega a poesia na palma dos risos,
nas asas e nos ninhos dos passarinhozinhos
que lhe são alma gêmea, par perfeito, espelho
e assim o engenho da vida vai girando no seu não-saber providencial
que só Deus, as crianças (e os corações dos passarinhos) têm ciência…
Lindo texto…tem cheiro e sentimentos…
Não é, Nana? Também achei! 😉
Que texto bonito!!!
Me remete a uma senhorinha negra enrrugadinha toda linda contando a história de um povo, não sei porque…
Hey
http://samianascimento.blogspot.com/2011/02/varandistas.html
Um relato dos meus sentimentos como uma varandista…
Não sei se é assim que vcs se sentem mas é assim que vejo, se puder dar sua opinião ficaria feliz 😀
um beijo
que lindo…suavidade em palavras
Da pra tocar quase…de tão real!