Se quando você for
Embora da minha vida
Se quando cê voltar
Eu vou estar lá na porta de saída
Esperando a volta entrar
Toda areia se espalhar
Toda chuva estiar
Toda injúria feita aguar
Todo bolo desandar
Todo peito arrebentar o botão de toda blusa
Toda pele arrepiar
Toda lágrima secar
Todo o coração queimar
Toda escolha se aceitar
Toda tradição quebrar
Todo chão molhar, pra espelhar a minha angústia
Toda história acabar
Toda procissão passar
Toda imprensa divulgar
Todo céu se anuviar
Todo povo se assombrar
E na sua volta, só a porta está ferida
E eu a espiar
De longe avistei
A flor no seu vestido
E marejei
Deitei no chão as julgas
Dos braços de outros quens
Na cama, o nosso altar, imaculei
E se toda jura Jurema
E se toda manha
E se toda cura curar
Essa toda injúria
E se toda injúria curar
Essa toda cura
                       Luis Kiari e Nuria Mallena
 
 

4 thoughts on “Da Porta

  1. Shirley

    Aconteça o que acontecer…estarei aqui!!!Me faltam palavras…o sentimento me arrebata,emudeço!!!Obrigada por dividir conosco a riqueza que habita em vcs!Grande beijo!

  2. july-anadepaulo

    Essa letra de música, poema… não sei, também "dá nome aos bois" não me parece importante.
    Tem uma brincadeira com as palavras e sua sonoridade. De contrução simples que causa um efeito meio arrebatador, de modo que me remeteu um pouco a Adélia Prado, minha poetisa preferida.
    Gosto dessas imagens:
    "Esperando a volta entrar"
    "Todo peito arrebentar o botão de toda blusa"

    "Todo chão molhar, pra espelhar a minha angústia"

    e achei "fofo", rsss:
    "Deitei no chão as julgas
    Dos braços de outros quens
    Na cama, o nosso altar, imaculei"

    Juliana de Paulo

  3. Vini Caetano

    E se essa cura nos levar
    e nos fizer ver além, de um além imaculado
    E ponderado as margens de vida
    de Jurema vinda de longe
    Encanta com sua beleza encantada!

    linda letra, admiro vc, grande beijo!

    Vini!

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