Um salto
É possível viver os sonhos.
A vida é sonho.
E um sonho sabido de ser
Nos dá lupa
De decifrá-lo
Em sua complexa-simplicidade.
Sejamos!
[Somos só sonho]
Valsinha torta
Dar a mão é gesto nobre, e saber
É dar afago a si, e não se afogar
Rodopio aqui dentro, virou passo repetido
Valsa torta,um pra lá, um pra cá
O segredo é lacre de não romper
Sentir com os olhos é adivinhar
Delicadamente e com detalhes
O avesso da valsa que sou
Dar um salto e ver além do que vê
É descobrir-se vivo, e ficar sem ar
Abrir portas e janelas, fechaduras e tramelas
Dar a volta, e volta e meia se achar
Há quem diga que o limite é céu
Que o infinito não cabe no ter
Dedicadamente e com vontade
Descobre-se assim, em um fim de tarde
Infinito, somos eu e você
As carruagens
Que povo é esse?
e sem asas saber do sabor das arribeiras e do cheiro da caatinga
desde pequena provava da secura da pele de alguns
e da fartura da alma de muitos que salivavam por natureza…
E por natureza tinham a sorte que comandava a umidade existencial
o norte conflitante deste povo lá de cima
de uns olhos tão sabidos e uma falas tão certeiras,
Lá nunca se sabe de Natal ou aniversários,
só da graça do dia que se tem
Lá nós nunca dormíamos até às dez
e nunca corríamos o risco de perder o trem ou o ônibus ou a esperança
A rota de lá é feita de todo dia e de sol a sol, de seca a seca, de fome
e milagres diários
e de um desejo de chuva tão grande que de tanto rezar
os pinguinhos d’água jogavam-se das nuvens e evaporavam-se no trajeto,
no meio do caminho,
nem viam a cara do chão, da terra, do solo, da planta e do bicho sedentos
Esse povo meu carrega a poesia na palma dos risos,
nas asas e nos ninhos dos passarinhozinhos
que lhe são alma gêmea, par perfeito, espelho
e assim o engenho da vida vai girando no seu não-saber providencial
que só Deus, as crianças (e os corações dos passarinhos) têm ciência…
Sarau no largo
A Cidade
A cidade turbulenta
Trailer
A vida é cheia de sensíveis sabores
não é feita pra ser engolida
é pra se saber o gosto