Quantas vidas tem uma vida inteira?
Voltas e voltas, valsas e valsas
Vale, cada virgula, um viver
Velar, a cada vez que vem o novo
E valer o verde vento, e velejar
Valendo-se das velas
Que viram-se ao velho
Vibrando o vigente vigor
Se vinte vinténs, ou vários vasos valiosos
Vão valer as vidas que viram
Só vós, vendo virar a veloz
E vertiginosa viagem
Validará valores verdadeiros
Unidade
Dai-nos, Senhor, a unidade das coisas:
O voar e o pousar juntos
O fazer das formigas
O andar dos grãos
O fazer das formigas
O andar dos grãos
Fazei-nos ser com os seres
O bem que em tudo dá
Dai-nos as cores das rosas
E os amores por elas
Da força nascente dos frutos
Nasçamos!
Misturai-nos, curai-nos
No mercúrio e no bálsamo
No valsar do vento
Espalhai-nos com as folhas
Chovamos juntos
Sobre o quentume da terra
Ervas, perfumes, sementes, humo
Sejamos!
Transparência
O que não se vê, não é o que se esconde, é o que se mostra, a todo instante, no milagre das miudezas!
…
Ser-tão, é ser não o que parece ser
mas sim, o que é das aparências!
Furta-cor
Memória
Saudade de um cheiro desconhecido
Do meu futuro passado
Que ficou num lugar
Que eu bem conhecerei
Que volto sempre que pude
Pra lembrar de quando andarei junto
Por agora, voltei a lugar presente
Onde me formará o que sou
A Dama
Se o céu não conseguiu enxergar
Em meus olhos
A lágrima que acabou de nascer
É que talvez
Por várias vezes
Eu fui descuidado com as estrelas
Ou porque, o meu mau tempo
Me roubou a oportunidade de ver o desfile da dama
Que, só pra chamar a atenção
Largou o vestido amarelo e saiu de vermelho
Não quero que essa gota passe em vão
Sem que me faça pensar na solidão
De cada não sendo, que por vezes estamos
Quando não olhamos para dentro do universo e em volta
No meu particular, pensei em você
E queria que aceitasse ser comigo esse momento