Passarinha

Entre o chão e o que sou
Brotou o nosso amor

Passarinha

Foto por Amandinha Magalhães

E a passarinha corajosa
De ver o mundo debaixo
Se cansou

É que sou homem da flor da terra
Carinho só com a razão
Mas por você
Oh! passarinha
Fiz dos ouvidos coração

Sonha passarinha
Que o nosso amor vai com você
E quando acordar bem baixinho
Afrouxe o incerto e deixe a vida acontecer

Sonha, vá em paz
Deixe no chão o nosso amor
Não vá gastar comigo os sonhos
Que eu tenho os pés enraizados pela dor

Que eu tenho os pés envaidecidos pela dor

Que eu tenho os pés e a poesia ao meu favor

NOSSO CARNAVAL

Nossa festa era tão certa, pés no chão
Nós dois desertos de confetes e solidão
De mudanças, tantas juras
Eu deixei em cada curva desse chão, tanto pranto
De cavar com minhas mãos, cada palmo de amargura
Mas o amor é como um pássaro,
Mais no ar que pé no chão
Se a razão quis rastejar, o amor quis bater asas
Eu não pude dizer não
E caí pra aquela altura, e eu renasci por lá
Pratiei o céu inteiro, fiz da quarta feira cinza
Mais um dia pra dançar
E eu dancei pisando em nuvens, e eu sonhei poder voar
E você no céu de argila, fez meu peito uma avenida
Para o carnaval passar.
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Luis Kairi / Pedro Barnez

SONHO COMPARTILHADO

Gente, está aí o lançamento de um sonho compartilhado.
TODOS vocês fazem parte dessa construção. Cada palavra de incentivo, cada história contada através da música, cada momento particular e singular se torna agora um grande plural, que é tudo que a arte propõe e que a torna INFINITAMENTE GENEROSA.
OBRIGADO A TODOS!

Sejamos JUNTOS esse projeto e que A ARTE NOS CURE!

Tomé

                         Deus queira
                         Deus queira
Que seja o que Deus quiser

Que seja
Que seja
Que seja o que eu fizer

A palma de luz que me falta
A sombra de luz que me resta
A fé que me arrasta e que me dá

O fecho dos olhos
A fresta
A porta dos fundos
A flecha
O alvo, o reflexo que será

                         Deus queira
                         Deus queira
Que seja o que Deus quiser

Que seja
Que seja
Que seja o que eu fizer

Se a vida é um piscar de momento
A força que afronta o tempo
Que pese, mas leve pra algum lugar

Se o ar que se vê como a pluma
Se as folhas com o vento se aprumam
Na hora do escuro o que é seu será

                         Deus queira
                         Deus queira
Que seja o que Deus quiser

Que seja
Que seja
Que seja o que eu fizer

Se não Tomé somos sãos,
o que é seu será
Se não Tomé somos sãos,
o que é seu será

Se não Tomé somos sãos,
o que é seu será
Se não Tomé somos sãos,
o que é seu será

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Luis Kiari / Gabriel Garcia

A CURA

Olhar, quanto tempo dura?
Dura o tempo de um bater de palmas?
Dura o tempo da curiosidade?
O tempo que julga?
Dura o tempo eterno de nós, dentro do segundo que apura?

Há eternidade em um olhar, e cura!

A curiosidade de se estar atento,
Leva uma curiosa idade para dentro.

O olhar do tempo cuida.
O olhar do tempo cuida.

Não importa de onde partimos,
Se do instinto a razão,
Se da razão ao instinto,
Olhar é como a força do grão
É se deixar na questão, e existimos.

Olhar é a nudeza pura,
É a alma a se testar leve,
É o peito que se abre e cura
É o princípio de se deixar breve
Em um piscar de tempo, que dura.
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Luis Kiari / Mandy Kawa

Quando Fui Chuva

Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer acomodei
Minha dança, os meu traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser sua
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d’água
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas
E assim, no teu corpo eu fui chuva
Jeito bom de se encontrar
E assim, no teu gosto eu fui chuva
Jeito bom de se deixar viver
Nada do que eu fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
E mesmo que em ti me perca,
Nunca mais serei aquela
Que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d’água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas
E assim, no teu corpo eu fui chuva
Jeito bom de se encontrar
E assim, no teu gosto eu fui chuva
Jeito bom de se deixar viver.
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– Luis Kiari / Caio Sóh

Ás vezes o amor

Às vezes o amor
É algo que inunda
Afunda olhar
Secar na chuva
É fundo no que possa revelar

Às vezes o amor
É o que flutua
Um leve estar
A carne nua
É deixa pra que possa escapar

Às vezes o amor…
É um tanto de falta
Um eterno momento
É sobra de tempo

Às vezes o amor é…
Cem vezes o amor, só
Às vezes o amor é, só!

Às vezes o amor
É algo que doa
É escolher
É sem escolha
É livre pra que possa aceitar

Às vezes o amor
É pé de calçada
A flor no asfalto
A caminhada
É tempo que se possa realizar

Às vezes o amor…
É um tanto de falta
Um eterno momento
É sobra de tempo

Às vezes o amor é…
Cem vezes o amor, só
Às vezes o amor é, só!

Se é amor, amor
Amor, amor é
E seja o que for
Cem vezes o amor é
Mil vezes o amor, só
Às vezes o amor é, só!

Cem vezes o amor, só
Mil vezes o amor é
Às vezes o amor é…
Às vezes o amor é…
Mil vezes o amor e só!


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Luis Kiari / Matheus Von Kruger / Bruno Kohl